20/08/2007

Viagem

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
( Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso Que perdemos).
Prestes, larguei a vela.
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura.
O que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga

P.S. (ao escrever PS fiquei com imensa vontade de reler o Post Scriptum de António Sena): Ao contrário da Drª Isabel Pires de Lima e afins, não me esqueci...

1 comentário:

Anónimo disse...

Torga não é o meu forte, mas este poema está genial.